quarta-feira, 26 de junho de 2013

HÁ QUE SE TER CUIDADO COM AS PROMESSAS DA EX-GUERRILHEIRA

Positivamente é bom ver a presidente ex-guerrilheira vir a público confirmar que "vem ouvindo as vozes das ruas e que deseja atendê-las", propondo medidas que, no  meu caso, defendo-as há muito: a Constituinte Exclusiva e a classificação de hediondo aos crimes de corrupção.
Os desdobramentos, porém, ligaram o desconfiômetro, deixando entrever que mais "que atendê-las" ela deseja estendê-las em indefinições dispersas nas discussões interpretativas do que realmente pode ou não pode ser feito, de forma mais urgente. Mas é aquela história: com o povo nas ruas, não tem como virar-lhe as costas, sem, pelo menos, dizer que está fazendo alguma coisa aceitável. E, se não conseguir encaminhar nada realmente exequível em pouco tempo, sempre restará a desculpa de ter tentado e que esses ou aqueles são os culpados do insucesso, dando curso à histórica transferência de culpas (processo iniciado, como é dito, no Jardim do Edem, com Eva atribuindo à cobra a culpa de ter comido do fruto proíbido e Adão culpando o próprio Deus por ter fraquejado: a mulher que me deste...).
A situação então é essa, necessitando que os desdobramentos se tornem, efetivamente, positivos e que o eco das ruas não tenha ressoado apenas para a derrubada da PEC 37 (o que também defendia e aplaudi) ou a ampliação das penas a quem for pego com as mãos em nosso dinheiro (dinheiro público).
Com o povo nas ruas, decisões tidas como utópicas aconteceram num abrir e fechar de olhos, realmente surpreendendo positivamente a população, que, agora, deve deter-se avaliando o comportamento de todos e de cada um dos parlamentares, para determinar-lhes a sinceridade nas decisões agora tomadas de uma hora para outra, depois de tanto tempo de inércia.
Isso nos leva a pensar que se o povo não tivesse ido às ruas, como foi, tais tomadas de decisões ainda continuariam na longa fila de espera para serem votadas. E tem outras, outras e mais outras.
Foco ainda mais minha esperança no sentido de que a discussão da Constituinte Exclusiva prossiga, contemplando que, finalmente O PODER EMANE DO POVO. Ainda que a Constituição Cidadã, de 88, tenha avançado muito nesse sentido, há muitos privilégios beneficiando governantes e parlamentares.
É mais ou menos aquela história de colocar a raposa tomando conta do galinheiro o fato de permitir aos parlamentares elaborar a constituição. Assim, os constituintes deverão ser eleitos tão somente com as atribuições de elaborar a nova Carta, não podendo nenhum deles ser candidato a mais nada.
A questão, no meu entendimento, não se resume apenas ao que disse acima. Ela terá de ser exaustivamente discutida, trazendo à luz as motivações de interesse geral, de nação.
Faz muito que falava nisto. Sozinho. Volto ao assunto. Não estou mais só.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

VANDALISMO NA ESTRADA

De repente, alguém do carro que ia na frente joga, por uma das janelas da direita, um embrulho grande de papel.
Reduzi a velocidade, logo atrás, e desviei dos múltiplos fragmentos, identificando sobras de sanduiches e de bolos, restos de frutas, guardanapos e outros dejetos esparramados e a mercê dos deslocamentos de ar provocados principalmente pelos caminhões de grande porte, que fazem tudo se mover no asfalto.
De propósito, deixei que o carro da frente se distanciasse mais.
Assim mesmo, logo em seguida repeti o desprazer de ver sair pela mesma janela duas, três embalagens de madeira, aquelas para três quilos de uva, desmanchando-se ao chocar-se na pavimentação e se esparramando perigosamente na estrada, obrigando-me à brusca e providencial manobra evitando passar sobre os destroços das caixas, de aguçadas pontas e pregos.
E como o carro que ia à frente passou a desenvolver velocidade baixa, logo imprimi mais velocidade, ultrapassando-o, então identificando a placa: K . . . . . .; um Gol branco, como o meu, também de Cuiabá, MT.
Isso aconteceu dia 20.12.11, por volta das 15 horas, entre São Gabriel do Oeste e Campo Grande, MS, quando viajava ao Sul.
Sim, sim.
Claro que tenho o número da placa.
Tentarei descobrir seu dono e endereço e lhe enviarei uma cópia deste registro.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

a história
de João
e maria...


...Que poderia muito bem ser a de Pedro e Joana, a de Renato e Cenira, a de Onofre e Madalena ou a de Homero e Mirthes... Mas, tanto faz, poderia ser a sua ou a minha... De verdade, porque ela está intrinsecamente ligada à nossa vida. Assim, ainda que reúna eventos do inusitado ela revive um dia-a-dia, às vezes, causticante das agruras tórridas dum convívio discutível e daquele que todos sonham viver.

Bem adiante do meio da viagem, que fazia para encontrar e passar a viver com Maria, depois de passados mais de 10 anos de um único e rápido encontro ocasional que tivera com ela durante outra viagem e da troca de mensagens na Net agora, marcando o fim do longo período de afastamento, que lhe assaltou o inconveniente, o fora de propósito pensamento:
 “Mas e se ela não estiver lá (na Rodoviária) me esperando?”  Nossa! Que loucura! É o que qualquer um em tais circunstâncias pensaria. João, porém, afastou essa possibilidade:
 “Esse pensamento é inconcebível.  Decretou de si para si.  Maria estava mais ansiosa do que eu por nosso reencontro, de fato. Esse pensamento só pode ser oriundo... Oriundo... Ah! Sei lá. Ele é negativo. Põe pra baixo a esperança, a boa expectativa de vida que passei a ter quando ela me convidou para morarmos juntos... Assim... Independentemente do emprego, que poderia surgir ou não...”  “Se não tiveres mais nenhum impedimento aí, venhas, que serás muito bem-vindo; e se demorar a arrumar emprego ou se não arrumar, não nos faltará com o que viver...”  recordava-se das mensagens que ela escrevia no MSN.
 “Só não te ofereço luxo para vivermos bem juntos; minha casa é modesta, mas tem o necessário.”
 “Não lembras o poema com o qual te passei a figura real do que penso a respeito da vida entre um homem e uma mulher que se amam: “ ...pode ser num ranchinho/colorido ou em griz/que estarei confortável/bem alegre/feliz”,
“Sim. Lembro e foi isso que me animou a incentivar que rompesses logo o que aí ainda te prendias.”  Lhe vinham à lembrança os diálogos que recém tinha tido com Maria.
 “Ontem, quando lhe disse que terminara de arrumar tudo e que poderia me esperar na Rodoviária, na boca da noite, hoje, ela chegou a gritar, correr e pular pelo quarto, de feliz. Eu a vi pelo Webcam. Não foi ela me dizendo em ‘off’. Então não posso imaginar nada além dela me esperando como combinamos faria”.  Seu pensamento fervilhava as lembranças e imaginava o imediato, o que esperava viver dali a pouco...
 “Acho que correrei ao seu encontro e, ela, ao meu. Vai ser lindo. Igual a algumas cenas românticas de novelas ou filmes. Faz mais de dez anos que a gente não se vê, de verdade. Nos últimos vinte e poucos dias, eu a tenho visto virtualmente, mas, ela, só fotos recentes minhas... Nossa! Quanto tempo. Foi ainda em 2000 que a gente se viu. Ela vinha de Porto Alegre e, eu, de Carazinho. Quando embarquei procurando meu banco, ela dormia. Nem viu quando ajeitei minhas coisas no bagageiro e sentei-me ao seu lado. Viajamos até quase em Frederico Westphalen para que ela me visse. Já eu... Bem. Nem cochilei admirando-lhe o sono tranquilo, respiração leve e feições amenas da bela prenda.”  As recordações do longínquo dia vinham-lhe vivas à mente: “Pele clara, cabelos castanhos claros... E os olhos, de que cor seriam?”
 “Acho que tem olhos azuis.”  Especulava, quando ela se mexeu ao seu lado. Ele disfarçou o olhar, antes fixo nela, e com o jeito mais casual do mundo a encarou quando ela, depois de examinar ao seu redor, o olhou diretamente, perguntando:
 “Já chegamos a Carazinho?”
 “Est... Estamos chegando a Frederico, já... Nossa! Que olhos! Verdes! Da cor das esmeraldas, que povoam meus sonhos desde pequeno.”
 “Meu Deus! Durmo desde que saímos de Soledade. Então perdi o almoço...”
 “Acho que dá uma parada agora, para um café.”
 “Terei de comer alguma coisa logo; estou só com o café da manhã.”
 “Bom. Estou com uma sacola de iguarias aqui, que minhas irmãs prepararam e... Se quiser provar, será uma satisfação dividir...”
 “Ah. Eu quero, sim.”  Envolvidos instantaneamente nem desceram na rodoviária de Frederico para um lanche. Ela comeu com apetite duas cuecas viradas, pasteizinhos de frango e uma generosa fatia de cuca, misturando suco de uva, crioulo, das parreiras da família dele, recém extraído.
Um a um os quilômetros eram deixados para trás, encurtando o tempo que o afastara longos anos daquela mulher, desde que se despediram naquela vez, com uma meia promessa de reencontro em breve, talvez!
Ele estava meio brigado em casa e não sabia qual desdobramento a rusga iria ter; ela estava indo sozinha para Cuiabá, porque seu companheiro, de aprontada em aprontada, aprontara mais uma quando ela já tinha marcado as passagens. Simplesmente saíra para ir ao Hipódromo do Cristal e, até a hora da viagem, não retornara. E, ela, não tinha como esperá-lo, pois sua licença sem remuneração do Serviço Público da Prefeitura de Cuiabá estava expirando e, se não viajasse naquele dia, perderia tudo o que se perde quando não se volta no tempo certo de uma licença. E as aulas daquele ano estavam por se iniciar. Era, então, fevereiro.
Durante a viagem cada um contou sua vida ao outro, desde as benesses até as mazelas que cada um vivera ou estava vivendo. Na troca de confidências, invariavelmente iam encontrando pontos e mais pontos em comum. Cada um dos dois convergindo para os mesmos gostos, mesmos objetivos de vida e jeito que gostariam de viver.
Ao chegar a Rondonópolis, João avistou o filho e suas três filhas o esperando, mostrando-os à Maria...
 “Que parecido! Parabéns. É um belo herdeiro. E suas filhas, são lindas. Espero que também pensem igual ao pai, na fraternidade, na paz e no amor universal.”
 “Eles são mais modernos! Mas acho que, no fundo, pensam, sim, quase como eu. Só com os filhos eles me superam em cuidados... Acho que até demais...”
Essas recordações o levavam a comparar-se ao filho. Ele era extremamente cuidadoso com seus filhos, sequer deixando-os irem sozinhos à escola. Aliás, suas filhas também agiam assim. Diferentes dele, que os criara à base de muita conversa, muita orientação, mas deixando-os livres para enfrentarem o dia-a-dia que se lhes apresentassem. Nesse aspecto, ainda que não quisesse interferir no jeito de cada um, advertia no sentido de que seus netos tivessem um pouco mais de independência, até para evoluírem o próprio senso de discernimento.
 “Acho que protegi vocês na medida quase certa: nem bem à vontade nem presos demais.  Avaliava  E não me arrependo, cada um de vocês vêm demonstrando isso, sabendo escolher entre o certo e o errado, agindo bem, o que me deixa feliz.”
Lamentava apenas a tentativa feita pelo filho de impedi-lo a sair de casa:
 “Ele não entendeu nada do que vinha passando com sua mãe. Evitei ao máximo expô-la à avaliação dos filhos, que, assim, geralmente só escutavam suas queixas a meu respeito. Ninguém se atinha ao fato de, estar fora do mercado de trabalho, não era vontade minha; e pouco valia minhas eventuais produções literárias ou publicitárias e o que elas rendiam, proporcionando-me a satisfação de prover tudo, em casa. Interessante!!! Quando tudo provia, tendo rendimento regular bem acima da média, parece que ninguém via, ou lembra ainda que usufruísse; mas se dissesse que estava sem grana... Bem. Aí, a impressão alardeada, era a de que fora sempre assim. Até os cuidados e os remédios necessários desde o infarto pelo qual passei, ensejaram cobranças, doendo fundo na alma... Báh! Não gosto de pensar nisto. Agora estou deixando tudo isso para trás...Queira Deus, esteja agindo certo, senão...”
 “Você vai parar, vai me ouvir e repensar essa ideia de ir embora... ora, embora! Pare meu pai. Logo o senhor sair de casa, deixar tudo que sempre acreditou...
“Só tem uma forma, meu filho, de eu não sair de casa amanhã; só uma: que Deus não permita. Outra forma, não tem; então pare você de insistir...
“Não paro... o senhor tem de me ouvir... nem que para isto eu nem vá dormir...
“Você, pode fazer o que quiser, mas, eu, estou indo dormir. Boa noite.
 “Não vai, não, meu pai. Antes de me ouvir, não vai.
 “Estou te ouvindo o tempo todo, mas isto, não mudará minha decisão.
Tais lembranças o colocavam de volta numa das mais difíceis situações que já vivera. E logo com o filho. Se isso o confortava revelando o tamanho de seu amor pelo pai e o que este representava aos filhos e netos, por outro, lhe provocava um desconforto muito grande, fazendo-o medir as palavras ao argumentar...
 “Você não sabe, meu filho, que sua mãe e eu nada mais temos em comum, além de vocês...
“Mas outras vezes vocês também brigaram, pai, eu me lembro, mas você não desistiu, foi lá, comprou flores... Eu as entreguei e tudo voltou às boas... Ela é o grande amor de sua vida...
 “Agora é diferente, filho; nosso distanciamento se tornou irreversível. Acabou. Simplesmente!
“Não pode. Tem de haver um jeito...
“Não há mais. Eu estou saindo, mas só da vida dela, da de vocês e de meus netos, não...
Ele não quis dizer que a mulher já o convidara a se retirar fazia um bom tempo e que ele insistia em ficar, em primeiro lugar na expectativa de que fosse apenas mais uma crise conjugal a acumular-se nas décadas e décadas de convivência e, em segundo lugar, porque, efetivamente, até a pouco, sequer imaginara outra opção de vida. Já movera céus e terra para manter a família a mais unida possível; já fizera centenas de quilômetros, do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso, para ficar junto de todos, que uma vez saíram a passear e só 15 dias depois soube de que não voltariam. As histórias que o envolvem são longas, e sofridas, muitas delas. Mas ele não queria pormenorizar. Preferia mantê-las esquecidas para não ter de reviver os maus momentos, cujas lembranças afloradas podem provocar desejos que aprendeu a não ter, de revide ou vingança. Também não dissera ao filho que alguém o esperava, nem às filhas e, muito menos, à ex-mulher.
 “Saberão disto, quando tiverem de saber.”  estabeleceu. Sem saber de nada o quê meu filho me azucrinou... Se soubesse, então!... Nem quero pensar. E depois... Acho que chegou o tempo de viver minha vida, dividindo-a agora com quem manifesta prazer, alegria com minha presença...
O ônibus avançava.
Depois de ao redor de três horas de atraso em Jaciara, com uma parada antes da Rodoviária e a outra para retomar a rodovia, agora ele descia rápido a Serra de São Vicente.
Mais uns 70 quilômetros e ele poderia, finalmente, rever Maria, ansiosa à sua espera, desde o meio da tarde. Contudo, claro, ele não sabia disso. Vinha misturando sensações de conforto com a aproximação do ‘grande momento do reencontro’ com o desconfortante e travesso pensamento de que ela não o fosse esperar...
Afinal, realmente a conhecera numa viagem há mais de 10 anos.
Depois disso só a viu pela Internet, ao longo de uns 20 dias.
Contrariado, concordava que tudo era temerário...
 “Poderia, ao menos, ter-lhe pedido o endereço de onde mora. Mas não. Tamanho o afobamento frente ao seu convite, que não pensei nisso. Nossa! Não quero nem pensar se ela não estiver lá... Meu Deus. Só tenho seu telefone... celular... se ao menos ainda fosse o fixo, poderia lograr localizá-la, se fosse o caso. Mas e por que pensar nisto agora? Só para sofrer por antecipação? Não. Isto não vai acontecer. Ela estará lá me esperando, sim. Tamanha foi a espera por esse momento, que agora até os anjos devem torcer pelo desfecho que queremos. Na outra vez, por nós, já teríamos ficado juntos; mas tudo funcionou contra isso: quando cheguei em casa, fui recebido com beijos e abraços e prosseguimos até há algum tempo, como sempre, entre ‘tapas e beijos’; ultimamente atingindo o patamar do ‘tapa e coice’ chegando a um ponto insustentável... Sinceramente, não tinha mais como conviver. O mau relacionamento passou a fazer mal aos dois, ainda que tentasse, como sempre, fazer minha parte, cozinhando, limpando, servindo, mas, ela, só reclamando, tripudiando... o que também lhe fazia mal, tenho certeza!  Apostava João, se permitindo um certo conforto pela decisão tomada, de, finalmente, dizer a palavra final a um longo e (nos últimos tempos) muito sofrível relacionamento, que só não acabara antes, porque ele fizera de tudo, até a pouco, para outro final. Agora, não. Quando mais uma vez foi instado a responder sobre quando deixaria a casa, anunciou resoluto: “Fiques tranquila, semana que vem, sexta-feira, a deixarei livre de minha presença!”
A semana em questão se extinguia na esperada sexta-feira.
Ele deixara tudo para trás: a ex-companheira de mais de 40 anos, nos últimos tempos tendo se tornando uma companhia encarregada de acentuar a solidão que passara a viver, dentro de casa, com ela não perdendo nenhuma chance de tentar humilhá-lo a qualquer pretexto. Ele se isolara nessa solidão. Fechara-se às críticas dela, desejoso de não revidar. Preocupava-se apenas em manter bem abertos os ouvidos, para que tudo o que neles entrassem do mesmo jeito saíssem, sem afetá-lo mais.
Uma esperança tinha surgido, em fevereiro, quando viu num site uma mensagem de alguém que pensou conhecer. Deixou-lhe seu e-mail, mas um problema com a operadora contratada para o serviço de banda larga o deixou de fora da internet até junho, quando tentou confirmar o endereço eletrônico dela, devido a uma falha na grafia, através do mesmo site, nem percebendo que ela estava ao vivo:
João  confirme o e-mail, por aqui ou pelo outro endereço...
Maria  sim, João, meu e-mail está correto. Vc quer q eu o ad?
João  sim, acho que trocar e-mail é mais fácil. Tenhas uma boa noite e aguardes algumas mensagens que costumo enviar.
Maria  gostaria de saber como vc encontrou meu endereço de e-mail.
João  recebi-o de ti, através do site... em fevereiro...
Maria  desculpe, não estava lembrada, mas fico feliz por isso...
João  só que ainda não a inclui em minha lista de remessas, senão já terias recebido alguma coisa e, como disseste no primeiro contado, tb gostaria de conhecer-te...
Maria  sim, gostaria muito de conhecer-te melhor. Com certeza! Vc não me é estranho, parece que já nos conhecemos... o seu nome também... a cidade, é incrível, mas não sei mesmo se é coincidência...
João  eu acho, minha cara, que viajamos juntos do RS até Rondonópolis e, depois, nos perdemos...
Maria  eu sabia, João, vc não vai acreditar: hoje estávamos falando do passado, uma colega e eu, e nos lembramos de vc. Ela disse: vc não lembra que falou no homem de Roo? Eu disse: é verdade. Pois na época, eu havia falado de vc pra ela. Que prazer enorme te reencontrar, João. Inclusive sua filha, na época, estava estudando na UFMT, é isso?
João  isso mesmo (...) Pois é, guria, fiquei azeitando as reminiscências e te encontrei vindo lá de Gravataí, não foi?
Maria  sim, João, e isso aconteceu em 1999, meu Deus! Qto tempo! Eu estava voltando do RS para Cuiabá, pois é. Muitas coisas aconteceram na minha vida. Fiz minha faculdade, minha pós, me separei... E você (...), o que aconteceu com você; está casado?... eu estava com sono; acredite, não sei aonde ele (o sono) foi... agora este encontro, foi demais! Nossa, pela foto, vc não mudou muito, só parece mais magro.
Ela exulta com o encontro (reencontro virtual) sem esconder sua emoção, reavivando os momentos vividos ao lado dele durante aquela viagem, ainda que não tivessem se aprofundado nas possibilidades ensejadas pela mútua simpatia que os aproximara, contidos no apego aos envolvimentos ainda não resolvidos mantidos pelos dois.
Logo depois daquela despedida, ele chegou a ligar para ela, que o atendeu ansiosa:
 Pensei que não fosses ligar...
 Pois é, tive uma super dor de dente, que me tirou do ar nesses dias; mas não via hora de poder falar contigo... A saudade é grande, mas não sei quando poderei visitá-la...
Também estou com saudades; como foi bom te conhecer...
Esse foi, realmente, o único contato que tiveram até se reencontrarem na internet. João algumas vezes pensou em procurá-la, quando ia a Cuiabá, ver a filha na universidade.  “Mas lhe dizer o quê?”  questionava-se. E no diálogo que retomara com ela, suas lembranças corriam longe:
João  passei num concurso da Prefeitura, mas não fui chamado, daí, fui trabalhar na Bahia e voltei; passei por um infarto triplo, mas não me aceitaram do outro lado; moro onde morava e, efetivamente, vivo só. Menos só agora; se revigoram as lembranças de nossa viagem...
Maria  rsrsrs ainda bem que não te aceitaram do outro lado. Ainda tinha essa missão de nós nos reencontrar. Aquela viagem e aquela despedida, não eram pra ter terminado da maneira que terminaram. Mas, que bom: não estamos mais sós.
João  assim espero...
Maria  vc lembra quando descíamos nas paradas, como se fôssemos um casal, com você me apoiando; nunca tive por perto ninguém mais gentil; incrível; amei te reencontrar; gostaria que visses a minha felicidade... e podes esperar, só vai depender de ti...
João  a vida, às vezes, nos traz surpresas boas e tb nem tanto. Porém nosso reencontro, ainda que à distância, é uma bela surpresa, sim. Amanhã te envio um poema, com o qual entenderás como te senti agora. (Referia-se ele a Uníssonos, da pág....)
Maria  legal, vou aguardar. E como está seu coração? Agora está bom? Aguenta emoções? rsrsrs E não vamos colocar a distância como obstáculo...
João  ele mostrou que é bom, me acompanhando em todas as emoções, pois as sinto sempre. Ele tem resistido às não tão boas; e, às boas, ele se fortalece, como agora, ao te reencontrar.
Maria  que bom. Fico feliz por isso; doze anos se passaram!!! Olha só: é um milagre de Deus mesmo; quando tem de acontecer, acontece mesmo, de uma forma ou de outra. Ele faz acontecer. Vou adc vc; se vc tem webcam, a gente pode se ver e conversar mais...
João  não. Ainda não tenho esse recurso. Contudo uso bastante o MSN.
Maria  tb o prefiro e passaremos a nos comunicar através dele e tu poderás me ver através do webcam, que ligarei sempre ao falar contigo.
João – ótimo. Mas vamos corrigir uma data: não foi em 99 que viajamos juntos, foi em 2000... Logo, ‘só’ fazem onze anos que a gente não se vê!
Maria  vc tem razão, foi quando voltava para reassumir meu cargo, depois da licença...
 “Quanta coisa aconteceu... Nossa! É quase inacreditável. O pior de tudo foi ter aceitado de volta a Moisés. Moisés... Com um nome desses, fazer o que me fez, é muita ironia. Antes o tivesse mandado voltar naquela vez, quando depois de ter ganhado uma bolada lá no Cristal, ficou festejando uns três meses até vir atrás de mim. Pior mesmo, é que nunca mais fez nada e depois de ter vivido às minhas custas todo esse tempo, além de tentar me tomar a casa, queria que lhe pagasse pensão. Isso depois de ter sido flagrado com outra, no meu carro, que, para que o devolvesse, precisei entrar com um processo de busca e apreensão. Mas deixa pra lá... tais agruras, certamente agora vão ser compensadas... Vão, sim. João, João, tenho certeza de que você é o homem que toda a mulher gostaria de ter... Deve estar quase chegando...  Previu Maria ao redor das 19h30. O ônibus saíra de Rondonópolis às 14 horas, já deveria ter chegado há bom tempo, mas o atraso...
O sinal de mensagem tocou no celular dela:
“Passei Tijucal; Já chego!”  Ela leu na telinha do aparelho. Seu coração bateu mais forte.
 Meu Deus. Quanta emoção! Uma onda enorme emana alegria ao meu redor... Daqui a pouco, poderei abraçar meu amor. Sim. Eu o amo desde aquela vez que o vi, e sinto que acontece o mesmo com ele. Sei que vem contando os minutos para o nosso reencontro.  Projetava ela, procurando conter o sorriso que teimava em se lhe escancarar no rosto, sentada próxima às plataformas de chegada dos ônibus. Digitou nervosamente no celular: “Te espero”.
Ele recebeu, leu e percebeu o coletivo entrando na Miguel Subtil, levantando-se para arrumar as bagagens de mão. Aquele teimoso, travesso e inconveniente pensamento de que ela poderia não o estar esperando, ele se recusava a lhe dar atenção, só se permitindo pensar em Maria o esperando, o abraçando e lhe sorrindo com amor... Envolvido nisso, logo sentiu o ônibus se curvando à direita e dali a pouco parando na cabine de controle. Aproveitou para ir postar-se à porta e, quando esta se abriu, desceu já avistando a tão esperada Maria vindo ao seu encontro sorrindo. Em vez de correr, como previra, parou e abriu-lhe os braços. Ela apressou-se a se abrigar neles, também o abraçando, os dois irradiando amor, muito amor. Olharam-se longamente, cada um procurando captar o que o outro transmitia nos olhos cintilantes. Depois, finalmente, o tão esperado beijo, encerrado num espontâneo e uníssono: “Te amo”, sequenciado de outros, outros e outros, enquanto um carregador transportava as coisas dele para o carro dela, no estacionamento.
 Esse é o nosso carro, por enquanto. Daqui uns dias, quero que me ajudes a trocá-lo por um novo.
 Tá legal.
Tu diriges e eu te oriento. Tá bom?
 Sem problemas.
Em seguida os dois chegaram à Avenida Mato Grosso, alcançando a ruazinha onde se situa a casa dela, graciosa construção quase aos moldes de uma edícula ao fundo do terreno, com o quarto do casal se salientando em vidro fumê, ao alto da escada interna, que também acessa uma varanda com duas cadeiras preguiçosas, de vime e estofado em tecido, guarnecidas com ventiladores de parede e balaustres sobre os quais uma longa prancha abriga avencas, samambaias, algumas orquídeas e bromélias; e, próximo à porta do quarto, a mesinha colonial com as duas cadeiras de ferro, para o café da manhã ou o chá da tarde.
Ainda meio atlético, demorou pouco para João, 64, passar com Maria, 56, nos braços, entrando no quarto.
Passados os dias, vão se acumulando bilhetinhos que ela deixa a ele, quando sai para o trabalho numa escola do Bairro Planalto. Ao levantar, mais tarde, ele os lê, à mesa, onde o café lhe espera servido. Em seguida, desce e liga o computador ou sai para atender compromissos que um seu amigo, publicitário, lhe tem arranjado com frequência, gravando campanhas publicitárias a várias empresas. O mesmo amigo lhe está preparando o lançamento dos livros que estavam até editados em seu computador, enquanto ele continua a escrever, sem esquecer nunca de responder aos recadinhos dela:
 Como é bom amanhecer ao teu lado e te dizer: bom dia! Meu amor, Deus de abençoe sempre. Te amo. Mil Beijos. Maria
 E acordar ouvindo o teu ‘Bom Dia’ é ouvir os anjos num arranjo, bendizendo nosso amor. João

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CONCURSOS PÚBLICOS

FINALMENTE JUSTIÇA

A subjetividade da Lei dos Concursos, finalmente, parece que acabou.

As vagas foram criadas, os concursos foram feitos de acordo com os editais e pronto: quem passou tem de ser chamado, não importa há quanto tempo espere por isso ou, até, se não esperasse mais.

Eis o que deu pra entender no noticiário de hoje sobre o assunto, enfocando decisão do Supremo Tribunal de Justiça, levando-nos a concluir que, até que enfim, a justiça foi feita, dando ênfase ao velho dito de que a ‘justiça tarda, mas não falha’.

A mim, cuja frase de apresentação do MSN é, JUSTIÇA: A FÉ QUE ME GUIA, a notícia em pauta mexe e remexe no baú das reminiscências dele trazendo à luz a já quase desusada expressão de que ‘a esperança é a última que morre’, porque sequer me restavam quaisquer resquícios de possibilidades, senão um dia, encontrar um juiz disposto a me ouvir e, quem sabe? concordar comigo sobre a subjetividade do diploma que norteava as decisões de chamar ou não chamar dos concursos, que os gestores eleitos gostavam de aplicar não aos aprovados em geral, mas preferencialmente aos aprovados e com Q. I. – que, necessariamente, nem precisavam desse incômodo procedimento.

Mas só para concordar e me encher de satisfação íntima, porque concordando ou não, tanto faria. Agora não. A decisão do Supremo, como foi posta ao público, enseja aos magistrados em geral atenderem aos pleitos, determinando a nomeação imediata dos aprovados, em todos os níveis da Federação, Estado por Estado. Logo, Município por Município, onde Rondonópolis, pelo que sei, tem pelo menos uma conta a ajustar com a Justiça: chamar-me do Concurso para Jornalista, que prestei, passei e não fui chamado pelos então gestores durante sua vigência.

Cheguei a ponderar à gente do atual, de que como tudo havia se processado, ele poderia decretar Sem Efeito os atos efetivados como legais para não me chamarem, encaminhando solução neste sentido. Mas...

Bem. Agora, respaldo legal eu tenho. Espero que esta briga acabe, não apenas para mim, mas para um universo de aproximadamente 100 mil brasileiros que viviam tal insegurança.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Questão do Trabalho Infanto/Juvenil
A CARROÇA NA FRENTE DOS BOIS


É lamentável o crescente envolvimento de menores (proibidos de tabalhar) em crimes, os mais bárbaros e variados.
É diário o registro de casos e casos, mostrando o envolvimento desses tutelados da lei desrespeitando-a e causando pânico à população séria e ordeira.
E tudo isso por quê?
Porque nossos legisladores colocaram a carroça na frente dos bois, criando mecanismos legais de proibição ao trabalho infanto/juvenil antes de aparelhar o Estado para assumir a tutela de tão vasto contingente de filhos e filhas de pais que precisam trabalhar, deixando-os entregues à Televisão, às ruas e, mais recentemente, à Internet.
Para aplicar tal lei, seria necessário que o Estado estivesse aparelhado a acolher referido contingente de jovens, cuidando de sua educação em tempo integral, das 7 horas às 19 horas, de segunda-feira à sexta-feira, pelo menos. Ah! E com uma particularidade importantíssima: acolhendo a todos, indistintamente - pobres, remediados e ricos. Isto seria o ideal.
E enquanto não tivermos tal aparelhamento estatal, será oportuno que todos e que cada um passem a exigir de seus representantes (dos legislativos e dos executivos nos diferentes níveis) medidas objetivando esta conquista.
Do jeito que está, crescem os conflitos tanto sociais quanto familiares, além de, efetivamente, não proteger nem crianças nem adolescentes.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Inocência dos "Compradores de Votos"

Fui candidato a vereador num tempo em que o cargo era exercido de graça e, mesmo assim, para se eleger, o candidato que não 'atendesse bem' à fila formada diariamente em frente de casa, dificilmente se elegeria.
E o 'atendesse bem' significava tão-só, dar alguma coisa ao eleitor.
Ele também poderia tentar distorcer, desdobrar, ajeitar apenas uma parte do solicitado, para o eleitor sair com ar de satisfeito, mas, claro, intimamente decidido a não votar nele.
Por isso, vejo a maioria dos procedimentos de cassação com esse ou aquele (ou contra essa e aquela) candidato eleito, como injustos. Porque uma coisa dá pra afirmar com segurança: nenhum dos eleitos conseguiu tal proeza sem dar alguma coisa a um universo imenso de eleitores. E podem estar certos, não foi simpatia apenas a moeda de troca.
Simpatia, ou antepatia com os políticos, sim, pode ter movido os eleitores de Tiririca lá em São Paulo. Já a grande maioria dos demais, certamente foi movida por qualquer outro incentivo que não esses.
Para evoluir tal processo ou tais procedimentos, a Justiça Eleitoral terá de criar mecanismos suficientemente eficientes de fiscalização par e passo de cada candidato, durante o período eleitoral.
E, claro, preparar muito espaço para recolher não os candidatos, mas o eleitores afoitos por vantagens em cima dos políticos. Que, aliás, pelo comportamento público assumido há muito, são os culpados por essa espécie de contra-partida que o eleitor busca para votar.
Com ressalvas às honrosas - e raras - exceções.
Quando fui candidato, minha condução era uma Lambretta; o Partido me patrocinou dois mil santinhos e, eu, mandei imprimir mais mil; a única ajuda que dei a alguém, foi 1 kg de banha, 1 kg de carne e 2 kg de arroz a um cidadão com fome, que passava pela cidade com a mulher e dois filhos, que, portanto, não votaria em mim; não paguei nenhum cabo eleitoral e consegui em votos ao redor de 10 por cento dos santinhos que distribuí.
Com tal abordagem, quero dizer, exatamente, que, a menos que flagrantemente alguém seja pego no ato da compra e venda do voto, tudo o mais é especulação, ou, até mesmo, armação. Porque, infelizmente, a política - como vem sendo levada - também pratica isso: um armando pra cima do outro ( ou da outra).

TIRIRICA É INOCENTE!

Se Tiririca é analfabeto ou não, nessa altura do 'campeonato', não importa, porque na verdade, ele não passou de um inocente útil nesse processo todo, carreando ao Partido que lhe homologou e registrou a candidatura, um milhão e meio de votos, proporcionando, não a sua eleição tão-somente, mas a de vários deputados à Sigla.
Então, se alguém tem de ser acusado de alguma coisa, não é ele, mas o Partido que lhe proporcionou a eleição e se beneficionou dela elegendo mais um punhado de peões de menores expressões nas urnas.
Diante dum fato desses, sinceramente, se for o caso, o PR deve justar quantos professores necessários forem para alfabetizar seu deputado. Ou pagar o preço de ter homologado a candidatura de alguém sem condições para o cargo pretendido, de alguma forma criando falsa expectativa no que transformaria num personagem de uma farsa, devendo, portanto, ressarcí-lo por tal prejuízo moral.
Porque ainda que ele seja um palhaço - agora deputado -, não deveriam ter feito essa palhaçada com ele.
Ah! E principalmente, que o caso sirva de lição aos eleitos desta vez pensarem numa reforma política, que evite constrangimentos assim... E, assim, deixem de lado as usuais tarefas das mesadas...