segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Dengue II; Competência... Zero

Senão vejamos: dengue I, dengue II, dengue III, dengue IV e, daqui a pouco, dengue V, significa tão somente que o indivíduo tal ou qual teve uma, duas, três, quatro e, se resistir, cinco dengues e não que os mosquitos transmissores da doença estejam atuando por aí, cada um com um tipo diferente de vírus da dengue, como os desinformados ocupantes de cargos de (des) controle de vetores vem dizendo.

“Está surgindo o vírus II e isso vem tornando mais difícil o controle da dengue”, disse um desses ocupantes de cargos-chaves do setor, em Rondonópolis. Só que tal desatino não é cometido somente aqui em Mato Grosso, ao ponto de se poder atribuir ao mosquito transmissor um placar de 10 x 0.

Meu Deus!

É o desabafo/apelo que resta-nos ao sentirmos tanta incompetência no trato de uma das mais preocupantes questões de saúde pública que, parece, ninguém desses ocupantes dos múltiplos cargos que o setor oferece, está realmente interessado em resolver. Até porque também com relação à Dengue Hemorrágica as colocações não são claras, deixando uma idéia de que é um tipo diferente. Quando ela existe ou não, revelam estudos, de acordo com o organismo de cada pessoa, de tal forma que, na primeira vez que se tenha a doença ela já possa ser hemorrágica. Mas normalmente a partir da segunda (dengue II) é que o risco de se tornar hemorrágica aumenta.

Como se percebe pela desinformação passada por tais ocupantes de cargos em frequentes entrevistas na mídia, também parece que tais pessoas não estão adequadamente qualificadas para o exercício satisfatório dos encargos que assumiram. Tanto é que o que mais se ouve é o surrado apelo ao público para que faça a sua parte – o que é de se esperar que cada um realmente o faça –, mas sem demonstrar que eles (os ocupantes desses cargos) estejam fazendo a parte que lhes cabe. Pois mesmo quando trombeteiam estarem fazendo “isolamento químico” dessa ou daquela área, deixam de informar quanto ao equipamento e ao produto – via de regra – inadequados, ainda que altamente tóxicos.

Há muito não se vê passando o velho “fumacê”. Aquele com cheirinho de goiaba, que, volta e meia, inundava o ar, invadindo nossas narinas e derrubando os Aedes aegypti que estivessem em seu raio de ação, na hora, sem que se tenha registro de algum dano à fauna, como é comum hoje alguns tentarem justificar seu desuso (aliás, se tem notícia de seu uso em Cuba, sempre quando se faz necessário e é lá que permanece batendo graciosamente as asas um dos menores beija-flores do mundo). Por outro lado tem-se visto muito por aqui, uma bombinha costal quase causando asfixia e quase matando de calor seus operadores, já que precisam de vestimenta especial (sufocante) para a lida.

Cumpro o dever de testemunhar o bom desempenho de, pelo menos, uma equipe, demonstrando interesse em prestar um bom serviço ao público, ainda que, devido à negligência de chefes, suas roupas protetoras estivessem com a validade vencida. E pior: o produto utilizado, apesar de altamente tóxico, é completamente ineficiente contra o mosquito da dengue.

Quanto ao flebótomo, resultam dúvidas devido à continuada incidência de casos em diversas áreas, sugerindo que os tais de “isolamentos” estão deixando a desejar. Vê-se eficiência contra baratas, até com poder residual prolongado; já quanto às formigas, mata-as na hora. Mas, um ou dois dias depois outras vem substituí-las na faina, incansáveis. Ah, e quanto aos demais mosquitos (pernilongos e mesmo as moscas) não se percebe nenhum efeito, senão o de afastá-los momentaneamente.

O quadro é este. Faz tempo. Enquanto somos obrigados a ouvir insistentemente dito pela turma oficial, que a população tem de eliminar os criadouros domésticos (com o que concordo, repito). Teve um que chegou a dar percentual (ele é da área econômica) sobre os focos do mosquito: tanto por cento dentro das casas e tanto por cento nos pátios e nos terrenos baldios, “mas o poder público vem atuando para eliminá-los”, afirmou, “só não podemos fazer tudo sozinhos”, tentou justificar em face do alarmante aumento do número de casos da dengue, que passaram a lotar a ainda acanhada e atrapalhada estrutura de atendimento à saúde da população. Esqueceu-se, entretanto, que os recursos financeiros para o combate aos transmissores não são repassados à população e, sim, ao órgão sob sua orientação.

Ou seria desorientação?

Sim. Porque até agora não tivemos a oportunidade de ver ações de efetivo controle. Temos visto, faz tempo, se repetirem formas e fórmulas ineficazes, fazendo se sucederem as epidemias devido às discutíveis medidas adotadas, inclusive àquelas “preconizadas” pelo Ministério da Saúde, pois, se estivessem certas, este seria um assunto morto e não o causador de tantas e tão constantes mortes.

Por isso, torna-se necessário se criar com urgência no serviço público, em todos os níveis, um mecanismo de qualificação do pessoal indicado para tal ou qual cargo (sem concurso) e que ainda seu ocupante porte, com destaque no próprio crachá (obrigatório), quem o indicou...

Qual o vereador; qual o deputado; qual o senador, Partido, ou seja lá quem for que o tenha indicado, para que o povo possa ter um efetivo princípio de controle sobre o poder, que dele emana e que em seu nome deve ser exercido.

Ah! E para que isto um dia venha a acontecer, é necessário que todos passemos a cobrar tal medida daqueles que querem ser os nossos representantes.

Jornalista Evalin Alves Salomão

evalinsuleiman@hotmail.com

http://blogevalin.blogspot.com/