sábado, 28 de junho de 2008

Dilema: Matar ou Não Matar um Amigo

O dilema não é só meu.
Ele se instalou pela vizinhança, pela cidade, está presente na Bahia, no Pará, em Minas e por aí afora: devemos mandar matar nossos cachorros amigos?
Só em pensar me sinto um ‘amigo cachorro’!
Pois é graças a eles, funcionando como 'bois de piranhas', no caso: 'cachorros pra flebótomos', que não é mais grave ainda a incidência da leishmaniose em nosso meio.
São os cães, os primeiros alimentos do desengonçado mosquito. São eles, assim, uma espécie de escudo para nós.
Desta forma, são, também, as primeiras vítimas da sucessão de equívocos dos (maus) gestores, que nos arrumam para cuidar da saúde pública.
E por serem vítimas eles devem ser mortos?
Que grande equívoco! (No meu entendimento.)
Quanto menos cachorros, menor é nossa proteção; mais vulneráveis nos tornamos à voracidade do inseto, expulso de seu habitat pela expansão da agropecuária, pelo crescente desmatamento.
Mas fiquem tranqüilos. Não vim aqui para culpar ninguém, diretamente.
Vim propor uma reflexão geral e sugerir medidas de engajamento, buscando atenuarmos os riscos a que todos estamos expostos.
Pois, como já disse em outra intervenção, não adianta discutir culpas; temos, é que, urgentemente, encontrar soluções não equivocadas como estas que os tais gestores estão colocando em prática, de penalizar com a morte as principais vítimas de sua incúria: os cães.
As doenças epidêmicas se alastram, no Brasil.
Mas não é só aqui que elas ocorrem.
A leishmaniose tem incidência na França, Espanha, só que, lá, eles buscam tratar do cachorro e também protegê-lo do mosquito, assim como também se protegem, evitando se exporem com pouca roupa nas áreas de risco nos horários noturnos, quando eles gostam de se alimentar.
Na Bahia e em Minas, já tem, também, quem recomende tratar e cuidar das ‘vítimas de escol’ (aquelas que estão à frente!) em vez de eliminá-las, simplesmente, como se culpadas fossem pelo avanço da doença.
Talvez, tenhamos de adotar mudanças nos usos e costumes para ficarmos protegidos, adotando o sistema de telas nas portas e janelas, tanto na cidade quanto nas moradas da roça, além de procurar formas de eliminar o inseto.
Para isto, teremos de sentarmo-nos todos numa mesma mesa para, sem melindres, encontrarmos formas de avançar num controle viável, como os pecuaristas fizeram com a aftosa, por exemplo. Eles objetivaram não ter prejuízo em seus rebanhos; e, nós, devemos objetivar não termos prejuízos de vidas em nossas famílias; porque todos, indiscutivelmente, estamos expostos, inclusive os (poucos) bons e os maus gestores da saúde pública.

Evalin Alves Salomão (direto de Rondonópolis, MT) – evalinsuleiman@yahoo.com.br
http://blogevalin.blogspot.com/ /

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