terça-feira, 4 de novembro de 2008

(A) NORMALIDADES DA DEMOCRACIA


Há os que julgam normal levar a mulher (ou o marido), os irmãos, irmãs e demais parentes a ocupar os cargos públicos chamados de confiança, os famosos CCs, sem nenhum constrangimento. Constrangidos eles (e elas) ficam quando alguém lhes cobra um posicionamento a respeito.
- Se é cargo de confiança, nada melhor do que um parente meu, bem chegado, de preferência!
E dane-se qualquer princípio: seja o da isenção; seja o da moralidade.
Porque não se pode cobrar isenção de ninguém ocupando cargo eletivo nos executivos e legislativos ao tratar questão administrativa envolvendo um parente.
A observação serve ainda ao judiciário e ministério público e também na relação entre poderes, ou seja: parente de uma autoridade trabalhando para outra (autoridade), sem concurso. Isso, além de anular o princípio da isenção, agride outro (princípio), o da moralidade. Gravemente.
Leve-se como exemplo o caso de um promotor de justiça cujo irmão exerça cargo de confiança junto ao prefeito da cidade. Onde ficaria a isenção para tratar de uma denúncia contra o alcaide?
Não haveria a isenção e a moralidade ficaria duramente atingida.
Imagine-se a mesma situação a um juiz cujo filho ou a mulher trabalhasse, sem concurso, com o prefeito.
Como ficariam os casos contra ele? E leia-se no “contra ele”, também, os recursos de funcionários em busca da salvaguarda de direitos.
Sem dúvida, numa longa e interminável espera para o julgamento.
Uns chamam isso de jogo do poder; eu, simplesmente, classifico de ditadura. A ditadura do poder econômico. A pior forma de poder. Porque agride todos os mais elementares princípios do que é mais sagrado para o ser humano, a liberdade, vindo a ingressar pelos pegajosos e obscuros caminhos do escravagismo, chegando a um absolutismo insuportável.
E está assim, ó (às mãos cheias), de gente enganada (ou encantada) com esse tipo de poder!
Tem até vereador que avisa: em política, ou se puxa saco ou a carroça.
A propósito, aí reside uma situação análoga às citadas antes. Se um vereador (a) emprega a mulher (ou o marido) junto ao executivo, naturalmente ele (a) passa a ser dócil com o prefeito, se tornando aquilo que classifico de variador (a). Ele (a) varia em seu próprio favor, esquecendo-se das promessas de campanha de atuar em favor do povo.
Quem assim age, vai além do pactuar com o jogo do poder; quem assim procede, na verdade, se torna agente das tramas do poder, maculando o processo político da eleição ao mandato, emanando não a vontade do povo, mas os mais fétidos odores da corrupção emporcalhando a vida pública de muitos e gerando a justificada descrença popular.
O pior, ainda, é que muitos assim agem sem se ater a tais implicações. Para eles, o que fazem é normal e legítimo.
- Só procurei melhorar as condições de vida dos meus entes queridos; isto, por acaso é pecado?!!
Sim. Dos mais graves. Vai contra a economia popular, metendo a mão no dinheiro que deve ser usado em benefício de todos e não no de uma meia dúzia de preferidos do chefe.

Evalin Alves Salomão
Jornalista – Escritor – Poeta
evalinsuleiman@hotmail.com
http://blogevalin.blogspot.com/

Nenhum comentário: